
A autoestima e sua relação com o autocuidado
Ouvimos com frequência que a autoestima precisa ser elevada e que pessoas com baixa autoestima sofrem em varias áreas da vida, desde a profissional até a afetiva, porque não se amam. Mas o que é, afinal, a autoestima? A baixa autoestima é causa de muitas frustrações ou consequência delas? A Autoestima não resulta de um sentimento, mas está sim vinculada a sentimentos de respeito, valorização e aceitação por si mesmo que são aprendidos desde as nossas primeiras relações significativas e continuam se desenvolvendo ao longo de toda a nossa vida. Não nascemos com autoestima, só aprendemos a sentir estima por nós mesmos depois que estas demonstrações foram feitas pelos nossos pais ou cuidadores. Depois de um tempo, conseguimos fazer o reconhecimento de quem somos e do que fazemos e, caso tenhamos uma imagem positiva pessoal, isto nos possibilitará uma menor dependência do outro além do fortalecimento e constante desenvolvimento desta capacidade.
A autoestima, portanto, não é a causa dos sentimentos de valorização pessoal, ela é decorrente de toda uma experiência que vai sendo construída em um processo contínuo e vai sedimentando o juízo que fazemos a respeito de quem somos. Podemos afirmar que temos uma boa autoestima quando sabemos das nossas características e possibilidades e sentimos conforto e segurança em relação a isto tanto pessoalmente como nas interações. Não implica necessariamente em sentir orgulho de si mesmo, está mais vinculado a sentimentos de paz e satisfação. Uma pessoa com boa autoestima pode até sentir orgulho de algo que tenha feito, mas não age com esta intenção porque não depende da aprovação e admiração constantes.
Na área afetiva, por exemplo, existem duas formas comuns de prejuízo por baixa autoestima: na primeira a pessoa acredita que deve agradar ou atender expectativas do parceiro mesmo quando os desejos ou pedidos deste vão de encontro com seus próprios objetivos, valores e crenças. É comum a submissão ao destrato ou a aceitação da não reciprocidade acompanhados do constante medo de abandono. Isto acontece, principalmente, quando uma pessoa tem baixa autoestima em comparação a um ideal que ela imagina que deveria atingir. Acredita que está sempre abaixo dos mínimos e se esforça para compensar através de ações de agrado o que entende que é uma falha pessoal. Os sentimentos que a acompanham são, principalmente, inadequação e vergonha. No segundo padrão a pessoa faz diversas tentativas para mascarar a ideia ruim de si apresentando os comportamentos compensatórios opostos àqueles que entende como inadequados e, neste caso, a pessoa tem a sensação íntima de ser uma fraude e acaba se vinculando cada vez mais a sua falsa imagem. O sofrimento é comum nos dois casos e um processo de psicoterapia é indicado para ambos.
Qual seria a relação de uma boa autoestima com o autocuidado? O autocuidado seria a concretização da atitude de preservação e zelo pessoal através da aplicação de ações saudáveis nas várias áreas da vida, entre elas a física. Por exemplo: uma pessoa com boa autoestima demonstra essa valorização respeitando e tratando o corpo da melhor forma possível, consciente das características e possibilidades pessoais. Quem tem baixa autoestima muitas vezes almeja alcançar um ideal imposto sacrificando a própria saúde, sem avaliar consequências e buscando uma imagem que nunca será alcançada ou, ainda que consiga chegar próximo dela, terá investido tanta energia e expectativa de aceitação através disto que temerá perder o que conquistou por entender que seu valor está na imagem e não na pessoa.
Quando fortalecemos a autoestima através da psicoterapia fortalecemos também a capacidade de cuidar mais e melhor de nós mesmos, passamos a fazer escolhas de verdadeiro sentido que favorecem a saúde psíquica e física. Pessoas com boa autoestima se cuidam porque aprendem a gostar de se cuidar, e passam a sentir prazer em melhorar a saúde como um todo, por dentro e por fora.
Janice Fachini, psicóloga da equipe INTERAC
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